Contos curtinhos. Contos curtinhos: primeiras leituras - Escola Kids (2024)

Você sabe o que é um conto?

O conto é um tipo de história literária. Geralmente, é uma obra de ficção, ou seja, de faz de conta, pois retrata um mundo de fantasia a partir da imaginação de quem o escreveu. O conto tem narrador e um enredo, isto é, uma história que vai se desenvolver com começo, meio e fim.

O que faz do conto um conto é o seu tamanho. Diferente de outros textos, o conto costuma ser pequeno, menor que um romance, mas apesar de ser pequeno, ele apresenta uma estrutura fechada e um clímax, que é o momento de tensão da história. São poucos os personagens do conto, mesmo porque não haveria tempo para que várias histórias de vários personagens fossem desenvolvidas.

Para você entender melhor o que é um conto, nada melhor do que aprender na prática, certo? Selecionamos para você três contos muito legais de autores que se dedicaram à literatura infantil e que farão você sentir vontade de conhecer cada vez mais sobre o gênero. Boa leitura!

Viva a paz!

(Tatiana Belinky)

Dois gatinhos assanhados
se atracaram, enfezados.
A dona se irritou
e a vassoura agarrou!

E apesar do frio, na hora,
os varreu porta afora,
bem no meio do inverno,
com um frio "do inferno"!

Os gatinhos, assustados,
se encolheram, já gelados,
junto à porta, no jardim,
aguardando o triste fim!

Contos curtinhos. Contos curtinhos: primeiras leituras - Escola Kids (1)
O conto é um tipo de narrativa que costuma ser curtinho, mas apresenta começo, meio e fim

De terror acovardados,
os dois gatinhos, coitados,
não puderam nem miar,
lamentando tanto azar!

Sem ouvir nenhum miado,
a dona, por seu lado,
dos gatinhos teve dó,
e a porta abriu de uma vez só!

Mesmo estando tão gelados,
os dois gatinhos arrepiados
Zás! Bem junto do fogão
surgem, sem reclamação!

E a dona comentou:
tanto faz quem começou!
Uma encrenca boba assim
bom é que tenha logo um fim!

E ela acrescentou, então,
não querem brigar mais, não?
E os gatinhos, enroscados,
esqueceram da briga, aliviados.

Confortados, no quentinho,
com sossego e com carinho,
dormem bem, bichos queridos,
já da briga esquecidos.

Bruxas não existem

(Moacyr Scliar)

Quando eu era garoto, acreditava em bruxas, mulheres malvadas que passavam o tempo todo maquinando coisas perversas. Os meus amigos também acreditavam nisso. A prova para nós era uma mulher muito velha, uma solteirona que morava numa casinha caindo aos pedaços no fim de nossa rua. Seu nome era Ana Custódio, mas nós só a chamávamos de "bruxa".

Era muito feia, ela; gorda, enorme, os cabelos pareciam palha, o nariz era comprido, ela tinha uma enorme verruga no queixo. E estava sempre falando sozinha. Nunca tínhamos entrado na casa, mas tínhamos a certeza de que, se fizéssemos isso, nós a encontraríamos preparando venenos num grande caldeirão.

Nossa diversão predileta era incomodá-la. Volta e meia invadíamos o pequeno pátio para dali roubar frutas e quando, por acaso, a velha saía à rua para fazer compras no pequeno armazém ali perto, corríamos atrás dela gritando "bruxa, bruxa!".

Contos curtinhos. Contos curtinhos: primeiras leituras - Escola Kids (2)
Geralmente, os contos contam uma história de faz de conta, apresentando personagens nascidos na imaginação do autor

Um dia encontramos, no meio da rua, um bode morto. A quem pertencera esse animal nós não sabíamos, mas logo descobrimos o que fazer com ele: jogá-lo na casa da bruxa. O que seria fácil. Ao contrário do que sempre acontecia, naquela manhã, e talvez por esquecimento, ela deixara aberta a janela da frente. Sob comando do João Pedro, que era o nosso líder, levantamos o bicho, que era grande e pesava bastante, e com muito esforço nós o levamos até a janela. Tentamos empurrá-lo para dentro, mas aí os chifres ficaram presos na cortina.

- Vamos logo - gritava o João Pedro -, antes que a bruxa apareça. E ela apareceu. No momento exato em que, finalmente, conseguíamos introduzir o bode pela janela, a porta se abriu e ali estava ela, a bruxa, empunhando um cabo de vassoura. Rindo, saímos correndo. Eu, gordinho, era o último.

E então aconteceu. De repente, enfiei o pé num buraco e caí. De imediato senti uma dor terrível na perna e não tive dúvida: estava quebrada. Gemendo, tentei me levantar, mas não consegui. E a bruxa, caminhando com dificuldade, mas com o cabo de vassoura na mão, aproximava-se. Àquela altura a turma estava longe, ninguém poderia me ajudar. E a mulher sem dúvida descarregaria em mim sua fúria.

Em um momento, ela estava junto a mim, transtornada de raiva. Mas aí viu a minha perna, e instantaneamente mudou. Agachou-se junto a mim e começou a examiná-la com uma habilidade surpreendente.

- Está quebrada - disse por fim. - Mas podemos dar um jeito. Não se preocupe, sei fazer isso. Fui enfermeira muitos anos, trabalhei em hospital. Confie em mim.

Dividiu o cabo de vassoura em três pedaços e com eles, e com seu cinto de pano, improvisou uma tala, imobilizando-me a perna. A dor diminuiu muito e, amparado nela, fui até minha casa. "Chame uma ambulância", disse a mulher à minha mãe. Sorriu.

Tudo ficou bem. Levaram-me para o hospital, o médico engessou minha perna e em poucas semanas eu estava recuperado. Desde então, deixei de acreditar em bruxas. E tornei-me grande amigo de uma senhora que morava em minha rua, uma senhora muito boa que se chamava Ana Custódio.

Caixinha mágica

(Roseana Murray)

Fabrico uma caixa mágica
para guardar o que não
cabe em nenhum lugar:
a minha sombra
em dias de muito sol,
o amarelo que sobra
do girassol,
um suspiro de beija-flor,
invisíveis lágrimas de amor.

Contos curtinhos. Contos curtinhos: primeiras leituras - Escola Kids (3)
Os contos podem vir em forma de prosa ou em forma de versos. Podem, inclusive, ter um monte de rimas!

Fabrico a caixa com vento,
palavras e desequilíbrio
e, para fechá-la
com tudo o que leva dentro,
basta uma gota de tempo.

O que é que você quer
esconder na minha caixa?


Por Luana Castro
Graduada em Letras


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Contos curtinhos. Contos curtinhos: primeiras leituras - Escola Kids (2024)

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